15 Perguntas sobre Amamentação

A amamentação é um dos processos mais significativos na vida do bebê. Por isso, a cada dia que passa há um número maior de mães sonhando em amamentar. Porém, com esse sonho surgem também medos e dúvidas, que requerem muito estudo para acalentar. Neste artigo, sanaremos as 15 dúvidas mais comuns em relação à amamentação.

Parte do milagre da vida, a amamentação é algo incrível. O corpo feminino, além de ter a capacidade de gerar uma vida, tem também a capacidade de oferecer toda a alimentação que essa vida vai precisar durante seus 6 primeiros meses. Todos os nutrientes, probióticos, prebióticos e anticorpos que o bebê precisa estão concentrados no leite materno.

1 – Há alguma forma de preparar os seios para a amamentação durante a gravidez?

A verdade nua e crua é que durante a gravidez as mamas fazem o trabalho de se preparar para a amamentação sozinhas. Porém, apesar de não haver necessidade ou recomendação de passar cremes ou pomadas nos seios durante a gravidez, alguns especialistas recomendam que se utilize óleo de amêndoas ou óleo de coco para aliviar o possível ressecamento da pele, e evitar estrias. Tais óleos são recomendados também para a barriga, pernas, nádegas, e todo local onde a pele esticou.

Outro preparo que pode ser feito durante a gravidez não é nos seios, mas na mente. Durante a gravidez você vive o momento ideal para estudar sobre a amamentação real, e basear esses estudos em evidências científicas. É o momento de se preparar para a entrega integral, e de buscar orientações sobre o posicionamento correto do bebê, posicionamento correto do mamilo, entre outras informações que podem ajudar quando a hora chegar.

2 – O que é o colostro e a apojadura?

• Colostro
  Colostro é o primeiro leite produzido pelas mamas para amamentar o bebê. É um alimento altamente calórico, com todas as proteínas e nutrientes que o recém-nascido precisa, e mesmo quando em baixa quantidade, faz a diferença para a saúde do bebê. Costuma ser liberado entre 2 e 5 dias após o nascimento, mas em casos específicos pode acontecer a partir do terceiro trimestre, ou até antes.

• Apojadura
  A apojadura, também conhecida como “descida do leite”, é a fase em que o colostro passa a ser liberado. Nesse momento podem haver algumas complicações, e por isso é importante ter muita orientação em relação a todas as fases da amamentação. A apojadura normalmente acontece de 2 a 5 dias após o parto e é quando há maior chance de ocorrer dificuldade na “pega”. Nessa fase, é recomendado que se prepare a mama antes de oferecer ao bebê, com uma massagem suave com a ponta dos dedos, sem deslizá-los na pele. Outra coisa que pode ajudar é retirar o excesso de leite, a começar pelo areolar. Assim, a aréola não fica muito inchada e a mama fica menos densa, facilitando a “pega” do bebê.

3 – Café e chocolate podem ser consumidos por quem está amamentando? E bebida alcóolica?

• Café e chocolate:
  Podem ser consumidos em pequenas quantidades. Especialistas afirmam que até duas xícaras pequenas de café por dia, ou 25 gramas de chocolate, não causarão interferências na amamentação.
• Bebidas alcóolicas:
  Bebidas alcoólicas não devem ser consumidas durante a amamentação. O álcool passa em grandes quantidades para o leite materno, e se for oferecido ao bebê pode causar danos à sua saúde, e dependendo da quantidade de álcool no leite, pode até levar a óbito. Uma opção para a lactante poder consumir um pouco de álcool, caso faça questão, é se programar com antecedência, ordenhar e estocar o leite no congelador (por até 15 dias), para ter alimento para oferecer ao bebê. Depois de ingerir a bebida alcóolica, é preciso beber muita água e se desfazer das primeiras levas de leite das duas mamas. Especialistas indicam que, caso a pessoa queira muito beber, evite destilados e beba pouco, pois ainda não se sabe ao certo por quanto tempo o álcool pode ser expelido no leite.

4 – Existem alimentos que auxiliam na produção de leite? Quais são?

Infelizmente não existe um alimento específico milagroso que garanta a produção de leite. A recomendação de médicos e nutricionistas é de que a pessoa que estiver amamentando tenha uma alimentação completa e balanceada, rica em nutrientes, e que beba muita água. É indicado o consumo de grãos, folhas verdes e bastante proteína, especialmente a proveniente da lactose, através de queijos e iogurtes.

A ciência ainda não sabe ao certo o quanto os alimentos ingeridos pela lactante podem interferir no desconforto por cólicas no bebê. Por isso, a indicação de muitos especialistas é de que os pais observem se há padrões relacionados a algum alimento ingerido pela mãe com desconfortos e cólicas na criança. Se houver algum padrão, a mãe deve evitar ingerir tal alimento e ver a reação do bebê. Caso percebam que a criança fica mais tranquila quando a mãe evita certos alimentos, o melhor a fazer é continuar evitando esses alimentos. Isso é algo que requer atenção, pois além dos desconfortos causados pela cólica, há muitos casos de bebês que sofrem reações alérgicas frequentes por conta de alimentos ingeridos pela mãe, que não conhece a alergia do filho.

5 – Por que é importante deixar o bebê arrotar após a amamentação?

Quando o bebê mama, muitas vezes ele ingere um pouco de ar. Esse ar preso dentro do estômago, além de causar desconforto, pode ocasionar refluxos ou regurgitação. O recomendado é deixar o bebê na posição vertical por pelo menos 15 minutos, depois que ele mamar, para facilitar a saída deste ar. Nem sempre é possível ouvir os arrotos, mas contanto que o bebê tenha ficado esse tempo na posição ereta, provavelmente o ar já saiu e ele pode voltar para a posição horizontal.

6 – É normal sentir dores no bico do seio no início da amamentação?

Não. No início do aleitamento pode acontecer de a pessoa sentir alguma sensibilidade ou aflição por ainda estar se habituando a amamentar, mas não dor.

Dor costuma ser decorrente da “pega” errada. Para isso, a dica mais importante é que o bebê deve abocanhar o bico do seio junto de boa porção da aréola, que é onde o leite fica armazenado. Assim o bebê sentirá maior facilidade para sugar o leite, e o bico do seio mantém sua integridade preservada. O uso de almofada de amamentação pode ajudar a posicionar o bebê de forma que facilite a sua “pega” no mamilo.

Caso esteja sentindo dor no bico do seio ao amamentar, é recomendado que procure ajuda e orientação médica imediatamente. Além da dor e do desconforto que a mãe sente, isso pode prejudicar seriamente a nutrição do bebê. A dor é indicação clara de que algo está errado, e é preciso averiguar sua causa para poder iniciar um tratamento adequado que não interfira na amamentação do bebê.

7 – Até que idade devo amamentar meu bebê?

A recomendação da OMS é que se deve amamentar a criança até os 2 anos de idade ou mais.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o leite materno deve ser o único alimento oferecido ao bebê até seus 6 meses de idade.

Após os 6 meses, é hora de iniciar a introdução alimentar com papinhas e frutas, seguindo sempre a recomendação para cada idade do bebê.

Porém, como já foi dito, a amamentação deve continuar de forma não-exclusiva até pelo menos os 2 anos de idade, pois garante os nutrientes e anticorpos necessários para o desenvolvimento pleno do organismo da criança.

8 – Além do leite materno, devo dar água ao meu bebê?

Até os 6 meses, a recomendação da Organização Mundial Saúde é de que o bebê ingira somente o leite materno. A água não deve ser oferecida ao bebê em hipótese alguma, e o leite já garante toda a nutrição e hidratação que a criança precisa até os 6 meses de idade. A partir de então há a introdução de novos alimentos, que deve ser feita conciliada à amamentação. Nesse momento, o bebê pode beber água e outros líquidos naturais em pequenas quantidades, preferencialmente em copos de transição.

9 – Como saber se o bebê está com fome?

O sinal mais claro e óbvio de que o bebê está com fome é o choro estridente, forte e alto. Mas esse não é o único sinal de fome que o bebê dá, e inclusive alguns especialistas acreditam que muitos bebês só choram de fome quando ela já está muito forte e o incômodo por conta disso é alto.

Então, para evitar que o seu bebê sinta dor de fome, não deixe de conferir as dicas abaixo:

• Coloque o dedo perto da boca do bebê. Se ele tentar abocanhar o dedo, existem grandes chances de ele estar com fome.
• Observe se o bebê no colo busca o mamilo, ou se ele se comporta como se fosse mamar.
• Observe se o bebê está chupando os dedos ou colocando as mãos na boca. Eles costumam fazer isso quando estão com fome.
• Se o bebê estiver muito inquieto e incomodado, pode ser que ele esteja com fome.

É bom manter em mente que nem todos os bebês demonstram esses sinais, e é importante que o bebê não fique em jejum por mais de 3 ou 4 horas.

10 – Qual a importância da amamentação para a saúde do bebê?

O leite materno é produzido de forma perfeita a suprir todas as carências nutricionais de um bebê de até 6 meses, inclusive água. Além disso, o leite materno é carregado de anticorpos e células vivas que são muito importantes para o desenvolvimento e para a saúde do bebê. A partir dos 6 meses de idade a criança começa a ter contato com outros alimentos, mas é importante continuar a amamentação o máximo de tempo possível, por conta dos inúmeros benefícios ao sistema imunológico e à nutrição do bebê.

11 – O que é mastite, e como evitar?

Mastite é uma inflamação da mama que causa incômodo, vermelhidão, inchaço e dor. Se não for tratada logo, pode ocasionar uma infecção, provocando febre e outros sintomas relacionados. É mais comum ocorrer durante os 3 primeiros meses de amamentação, e é causada por restos de leite acumulados nos dutos mamários após a mamada.

A mastite pode ser um grande incômodo e precisa ser tratada o quanto antes. Caso tenha sintomas como inchaço, dor nas mamas, ou vermelhidão, procure orientação médica imediatamente.

Existem algumas dicas que ajudam a evitar a mastite (e outras complicações):

● Confirme se as mamas estão completamente vazias após a amamentação. Aperte os mamilos para expulsar algum vestígio de leite e fazer a limpeza do canal.
● Dê uma mama de cada vez, permitindo que o bebê a esvazie, mesmo que precise fazer a troca de mamas a cada mamada. Essa recomendação também é benéfica para a nutrição do bebê, pois a composição do leite muda do início ao fim da mamada.
● Mude de posição para tentar garantir que o leite de todos os dutos seja sugado durante a amamentação.
● Amamente com frequência, especialmente sempre que as mamas estiverem cheias de leite. Utilizar a bomba extratora de leite, caso haja necessidade.
● Escolha a posição adequada para a amamentação. É recomendado colocar o bebê posicionado em frente à mama, com a boca na altura do mamilo. O auxílio da almofada de amamentação pode ser útil nessas horas.
● Escolha roupas confortáveis, leves e principalmente que não apertem os seios. Roupas apertadas podem causar lesões nas mamas, além de atrapalhar a circulação.
● O uso de produtos, cremes, pomadas ou óleos nos seios e nos mamilos não é recomendado, a não ser em situações específicas e com recomendação médica. Muitos especialistas recomendam que, após a amamentação, a lactante passe um pouco do próprio leite materno nos mamilos, pois ele tem propriedades calmantes e cicatrizantes.
● Lave os mamilos somente 1 vez ao dia, e evite o uso de sabonetes ou outros produtos, pois além de poderem causar o ressecamento da área, retiram a proteção natural que as glândulas da aréola produzem: um óleo que hidrata e protege seus mamilos.
● Troque de sutiã e protetores sempre que houver vazamento. Nunca fique com o mamilo em contato com a roupa molhada por muito tempo, pois isso pode facilitar a proliferação de fungos e bactérias.

12 – O que é a “livre demanda”?

“Livre demanda” é exatamente o que parece: significa amamentar a criança sempre que ela quiser e o quanto ela quiser. Porém, especialistas falam que o ideal é deixar que o bebê esvazie a primeira mama antes de pegar a outra. No início da mamada, o leite é mais diluído, mais aquoso, bom para matar a sede. No final da mamada o leite ganha consistência, é mais calórico e gorduroso, bom para matar a fome e ganhar peso. Para a mãe, esvaziar completamente as mamas também é positivo, pois ajuda a prevenir a mastite e incentiva as mamas a produzir mais e mais leite, para suprir a livre demanda.

Na livre demanda não existe horário pré-estipulado de alimentação, ou tempo limite para mamadas. A criança mama até ela não querer mais mamar. A livre demanda é recomendada especialmente durante os primeiros 6 meses, porém muitos especialistas indicam que a livre demanda continue após essa idade, conciliada à introdução alimentar.

13 – Dar chupeta para o recém-nascido pode atrapalhar a amamentação?

Sim. Especialmente enquanto o bebê ainda está aprendendo a mamar, o uso da chupeta não é indicado. Especialistas recomendam que se espere 4 a 5 semanas antes de oferecer uma chupeta ao bebê recém-nascido, pois a criança pode criar hábitos de sucção inadequada que acabam machucando o bico do seio da mãe, além de diminuir a vazão de leite.

14 – Posso tomar anticoncepcional durante a amamentação?

Sim, porém antes de qualquer coisa é preciso se consultar com sua ginecologista. O uso de anticoncepcional pode prejudicar a amamentação e a produção de leite, então é importante fazer um acompanhamento médico nesse momento. E outra coisa: não é qualquer anticoncepcional que está liberado! Precisa ver direitinho qual a orientação de seu profissional de saúde.

15 – Bico invertido e bico plano podem atrapalhar na amamentação?

Muitas mulheres com bico plano ou invertido se sentem inseguras quando o assunto é amamentação. A amamentação pode ocorrer normalmente nesses casos, porém a recomendação é que se procure a orientação de um profissional médico ou especialista sobre aleitamento materno. Existem alguns utensílios como concha de amamentação e bico de silicone, que podem ser recomendados para auxiliar o bebê. Porém, como o bebê precisa abocanhar o mamilo — e não o bico do seio — nem sempre é necessário algum tipo de auxílio.

Especialistas também recomendam que, nesses casos, a manipulação das mamas seja evitada durante a gravidez, pois pode estimular trabalho de parto prematuro.

Agora que você já sabe as respostas da maioria das dúvidas iniciais relacionadas à amamentação, é bem provável que novas dúvidas tenham surgido. Recomendo que anote todas as questões que surgirem sobre o assunto, e converse com sua ginecologista, doula, ou especialista em aleitamento. Nesse momento toda ajuda e orientação são úteis, e podem evitar desconfortos e complicações com a “pega” do bebê.

Mas lembre-se que a amamentação existe e funciona na humanidade desde que a humanidade existe, não é um bicho de sete cabeças! Aprenda o que puder e confie em si mesma, esse é o primeiro passo.

Se você gostou deste artigo ou se ele te ajudou a esclarecer algumas questões sobre a amamentação, não se esqueça de compartilhá-lo com outras pessoas que podem precisar dessas informações!