O que é a exterogestação e por que ela é tão importante para o seu bebê?

exterogestação

O desenvolvimento dos bebês não está completo após o parto. Após o nascimento, nossos filhos precisam de uma exterogestação ou ‘segunda gestação’ para completar a sua formação. Vamos falar sobre o que isso significa.

O período de maturação dos embriões durante a gestação varia de uma espécie para outra. No caso dos humanos, há um período em torno de 38 a 40 semanas desde o momento da concepção até o parto. Um período de tempo insuficiente, se considerarmos que os bebês continuam totalmente dependentes da mãe depois do nascimento.

Eles não têm a livre capacidade de movimento, não podem se comunicar por meio da fala e precisam de cuidado, proteção e contato total com a mãe para sobreviver. Isso não acontece com outros seres vivos, pois, ao contrário dos humanos, a maioria é capaz de viver de forma totalmente independente após alguns meses ou após os primeiros anos de vida.

Atualmente, o parto é cada vez mais visto como um ‘salto’ para uma ‘segunda gestação’, embora desta vez fora do útero.

Quando uma mulher dá à luz o seu bebê, ele nasce ‘pouco formado’ e precisa continuar a ‘ser gestado’ ao lado dela. Além da amamentação, os bebês precisam de muito contato físico, calor e também precisam continuar a sentir a sensação de conforto que tinham antes de nascerem.

Os primeiros mil dias do bebê

Os seres humanos têm 1000 dias únicos e irrecuperáveis para que seja formada a sua estrutura cerebral e para criar os seus neurônios e suas sinapses – até um milhão por minuto ou durante o primeiro ano de vida.

exterogestação

Durante este tempo, o cheiro, o contato, o olhar e a voz da mãe são as únicas coisas capazes de tirar o máximo proveito do seu desenvolvimento. A partir do seu novo habitat, o bebê pode continuar a amadurecer até que possa se autorregular e se relacionar por conta própria, bem como se alimentar e se mover sozinho.

Quanto tempo dura a exterogestação?

Os seres humanos são os animais que passam o maior período de tempo de suas vidas cuidando da sua prole. O tempo de exterogestação varia de acordo com as diferentes publicações e autores, embora a maioria concorde que a estimativa seria de aproximadamente 9 meses. Nessa idade, os bebês adquirem uma maior capacidade psicomotora. Muitos começam a engatinhar e até mesmo dão os primeiros passos, o que confere independência e maior autoconfiança. A partir deste momento, o ser humano é capaz de reconhecer, de se relacionar e de interagir com o ambiente ao seu redor.

De qualquer forma, isso não significa que já tenhamos um cérebro 100% desenvolvido aos 9 meses. Ele estará desenvolvido em sua totalidade aos 4 anos, quando atingirá 1.000 bilhões de conexões neuronais, mas continuará crescendo até aproximadamente os 18 meses (ou, às vezes, 24 meses), que é quando a fontanela craniana superior se fecha.

exterogestação

Dilema obstétrico

O chamado “nascimento prematuro” ocorre como resultado do desenvolvimento evolutivo de nossa espécie. É o que se conhece como dilema obstétrico. Teorias científicas sugerem que as pressões evolutivas forçaram um estreitamento da pelve e do canal vaginal para permitir o bipedismo, ou seja, a capacidade de andar ereto e sobre duas pernas.

No momento do nascimento, os humanos têm um crânio muito maleável e os nossos ossos ainda não terminaram de se formar para que possamos atravessar o canal pélvico mais facilmente. Se o bebê continuasse a ser gestado dentro do útero e o seu cérebro crescesse até a sua formação completa, a sua cabeça seria grande demais para sair naturalmente pelo canal vaginal.

Todos os bebês nascem «prematuros»

A natureza é sábia e a evolução resolveu este problema provocando um “parto prematuro” do bebê humano, o que possibilitaria a sua chegada ao mundo com um menor risco para ele e sua mãe, ao custo de necessitar de extremo cuidado e de um forte vínculo com os seus cuidadores posteriormente.

Por isso, esse ‘segundo período de gestação’ se torna totalmente necessário, além de ser uma grande oportunidade para o bebê, uma vez que ele continua a receber os estímulos necessários para o seu desenvolvimento. Não só no plano físico, mas também no intelectual, emocional e psicológico.

Assim, os bebês humanos são os mais indefesos quando comparados aos descendentes de qualquer outra espécie – e são forçados a continuar o seu desenvolvimento fora do útero, o que os torna totalmente dependentes dos cuidados dos seus progenitores, especialmente da mãe.

A exterogestação é um período delicado e de cuidado. Assim como os filhotes de canguru permanecem na bolsa da mãe até o final do período de gestação externa, os bebês também precisam ser mantidos próximos ao corpo da mãe após o nascimento.

exterogestação

A princípio, essa poderia parecer uma desvantagem, mas, na verdade, esta é uma grande oportunidade. Somente os seres humanos são capazes de andar sobre dois pés e de articular a linguagem, que só é adquirida ao ser experimentada diretamente, aprendendo com os nossos semelhantes. Durante este período de exterogestação, o bebê consegue participar do ambiente a partir dos braços da mãe, recebendo os estímulos necessários para desenvolver todo o seu potencial estando em uma posição segura.

Portanto, a gestação externa é absolutamente necessária para os bebês, pois esta é uma fase de profundo impacto no desenvolvimento físico, emocional e psicológico da criança.

A “nutrição emocional”

Existem muitas maneiras de alimentar o coração dos nossos bebês; muitas delas são as promovidas na chamada criação com apego seguro. Algumas delas são, por exemplo:

  • Contato pele a pele
  • Método canguru
  • Aleitamento materno
  • Praticar o coleito
  • Massagem infantil
  • Olhares, carícias, beijos…

Conhecer as reais necessidades dos nossos bebês durante o período de exterogestação é essencial. Nesse sentido, deixar-se levar pelo instinto materno de cuidar e proteger é mais do que apropriado.

Essa proximidade e o contato pele a pele com os pais ou cuidadores favorecem o desenvolvimento do bebê. Em certo sentido, isso atua como uma espécie de ‘incubadora’ que prepara as crianças para a sua futura vida independente.

Exterogestação: Um tempo de colo, carinho e muitos benefícios

Alguns dos benefícios mais importantes da exterogestação

1. Impulsionar o desenvolvimento do cérebro

Quando o bebê nasce, apenas 25% do seu cérebro está desenvolvido. Durante os primeiros anos de vida, e principalmente durante os primeiros meses, começam a se estabelecer as conexões neurais que servirão de base para a sua aprendizagem. Portanto, é essencial oferecer uma estimulação precoce que facilite o desenvolvimento dessas conexões. Para isso, nada melhor do que estar perto do bebê para aproveitar todas as oportunidades de aprendizagem e transmitir confiança e segurança.

2. Estimular o controle emocional

A sensação de segurança e amor incondicional transmitida pela mãe para o filho durante a exterogestação é essencial para o seu futuro desenvolvimento emocional. De fato, alguns estudos mostraram que os bebês que recebem a exterogestação choram 43% menos do que os demais, o que se explica pelo fato de que, ao se sentirem mais seguros, eles aprendem a regular melhor as suas emoções e se sentem mais relaxados e calmos.

3. Melhorar a alimentação

Foi comprovado que a proximidade física entre mãe e filho estimula a secreção de ocitocina e prolactina nas mulheres, dois hormônios relacionados à produção do leite materno. Dessa forma, a mãe não só consegue produzir o leite com mais frequência, como também tem mais oportunidades de alimentar o seu bebê, com todos os benefícios nutricionais que isso oferece.

Em conclusão, aproveite esta fase que, embora exaustiva, é única. Pegue o bebê no colo para mimá-lo, abraçá-lo e beijá-lo bastante, pois isso vai contribuir para o seu desenvolvimento intelectual e emocional.