O bebê mexe aproximadamente às 16 semanas. Sentir os pontapés do bebê pela primeira vez é uma das experiências mais emocionantes de toda a gravidez. Os movimentos fetais vão permitir à mãe conectar-se e sentir-se mais próxima do bebê, à medida que vai crescendo e se tornando cada vez mais forte.
O bebê move-se no útero de uma forma muito irregular. Existem dias em que não mexe de todo, por muito que um familiar ou amigo aguarde ansiosamente com a mão sobre a barriga da mãe. Noutras ocasiões, o mover é constante, podendo causar até algum desconforto e preocupação em relação ao bem estar do bebê.
Do mesmo modo, também o tipo de movimento percecionado varia ao longo da gravidez, começando com pequenos toques gentis no abdómen que se tornam progressivamente em alongamentos e pontapés súbitos que poderão provocar alguma dor e desconforto.
É então importante que a mãe conheça as melhoras táticas que facilitem todo este processo, permitindo-lhe tirar o maior proveito destes momentos de carinho e contacto com o bebê, sem prescindir do seu bem estar.
Quando é possível sentir o bebê a mexer?
O bebê pode começar a mexer a partir da 8ª semana de gravidez. Esses movimentos, no entanto, são impossíveis de ser percecionados. Nesta fase inicial da gravidez, apenas com recurso à ecografia é possível detetar estes movimentos fetais tão precoces.
É apenas durante o segundo trimestre, mais concretamente às 16 semanas, que a mãe começa a sentir pela primeira vez os movimentos do bebê. Estes movimentos são muito discretos e correspondem, inicialmente, a uma sensação estranha, manifestando-se quase como pequenos pulsos ou tremores, podendo ser até confundidos com gases, ou trânsito intestinal habitual.
Principalmente no início, é completamente normal passar horas sem sentir o bebê de todo, em alternância com períodos de movimento constante. À medida que o tempo passa e se aproxima o terceiro trimestre, os movimentos subtis vão se tornando em pontapés progressivamente mais fortes e cada vez mais frequentes, que vão ser sentidos desde o tórax até à pelve.
É de salientar ainda que, em caso de gravidez múltipla, isto é, gravidez de gémeos, a grávida não vai ser capaz de sentir o bebê mexer mais cedo do que na gravidez de um feto apenas. Para além disso, existem ainda casos em que os movimentos são sentidos mais tarde do que o habitual (por exemplo às 22 semanas), sendo que isto deve ser encarado com normalidade, não devendo constituir um sinal de alarme.
O que poderá influenciar?
Para além do tempo de gestação, o modo como os movimentos vão ser percecionados depende ainda da posição do bebê no útero e da posição da placenta.
Por um lado, se estivermos perante uma apresentação cefálica (cabeça para baixo), os pontapés vão ser sentidos em zonas superiores, inicialmente junto ao umbigo e, mais tarde, à medida que a barriga cresce, junto ao tórax. No caso de apresentação pélvica (pés para baixo), vão ser sentidos com maior intensidade na zona pélvica, enquanto que na apresentação transversa (bebê está deitado/atravessa o abdómen), os pontapés vão ocorrer do lado direito ou esquerdo, dependendo do lado em que estiverem os pés.
Por sua vez, quando a placenta apresenta uma localização mais anterior, isto é, se localiza na parte da frente do útero, quando o bebê mexe, ocorre uma maior absorção do impacto, levando a que haja uma menor perceção dos movimentos durante toda a gravidez.
Os movimentos variam ao longo do dia?
Há alturas do dia em que os movimentos poderão ser mais percetíveis, sendo que uns bebês são naturalmente mais ativos do que outros.
É importante que a mãe perceba qual o ritmo habitual do seu bebê. Isto poderá efetuado começando por anotar o número de pontapés diários a partir das 28 semanas. Se a mãe conhecer o padrão habitual de movimentos (tipo, intensidade, frequência) será mais fácil reconhecer o surgimento de alguma alteração em fases mais avançadas da gravidez. Por exemplo, no terceiro trimestre, uma diminuição repentina de movimentos num bebê habitualmente agitado poderá ser um sinal de maior gravidade do que num bebê geralmente mais “calmo”.
Não existe um número concreto de movimentos que o bebê deve registar por dia. Sabe-se, no entanto, que existe uma correlação entre uma maior atividade e os períodos pós refeições e ao acordar.
É possível incentivar o bebê a mexer?
A perceção dos movimentos vai depender inteiramente do bebê, não existe num método 100% eficaz que permite à mãe sentir o bebê quando mais deseja. Porém, existe um conjunto de medidas que poderão ser adotadas durante o terceiro trimestre que poderão estimular o bebê e permitir à mãe tira um maior proveito destes momentos de ternura e intimidade com o filho(a).
- Comer um snack saudável (fruto, iogurte, frutos secos) ou beber um sumo de frutas natural: o pico de açúcar no sangue terá um efeito estimulante no bebê. É necessário ter precaução de modo a evitar um aumento frequente e excessivo da glicemia.
- Os sons estimulam a audição do bebê a partir do segundo trimestre: falar, cantar, tocar música, poderá ajudar na estimulação.
- Geralmente, o bebê adapta a sua posição à medida que a mãe se vai também movendo. A poderá ir alternando a posição em que se encontra (deitada, de pé, de lado).
- Tocar levemente e com cuidado na barriga, exercendo uma leve pressão, poderá fazer com que o bebê responda ao movimento. Embora, esteja protegido pelo útero, não fazer isto de forma vigorosa, de forma a assegurar a sua segurança e conforto.
Existem ainda alguns métodos sem base científica, mas conhecidos da crença popular, como fazer exercício repentino e comer comidas picantes. Nestes casos, é necessário ter precaução relativamente ao surgimento de azia e certificar-se que os exercícios efetuados são adaptados à gravidez e realizados sem exageros.
E se o bebê não mexe durante o 3º trimestre?
Numa fase inicial da gravidez, o bebê é ainda muito pequeno, dispondo de bastante espaço no interior do útero para se mover. À medida que a gestão avança e o bebê se torna progressivamente maior e mais pesado, também o espaço uterino se vai tornando cada vez mais limitado, tornando os movimentos do bebe mais percetíveis e evidentes.
É importante reforçar que não sentir os movimentos do bebê não equivale a que o bebê não esteja a mexer. O bebê pode estar ativo e, por exemplo, devido à sua posição no momento, os movimentos não serem tão evidentes para a mãe. Por outor lado, o bebê pode estar a dormir ou a mãe estar mais distraída ou ocupada com as tarefas diárias, não estando tão atenta a alterações mais subtis.
Porém, se a mãe receia a ausência de movimentos, a primeira medida a tomar é tirar cerca de 30 minutos para repousar de barriga para cima, num ambiente calmo e silencioso, de modo a poder concentrar-se e focar toda a sua atenção no bebê. Se, mesmo assim, não consegue percecionar qualquer movimento, a mãe poderá ainda tentar alguma das técnicas referidas anteriormente para estimular o bebê. Na maior parte dos casos, a situação é transitória e não há necessidade de preocupação ou alarme.
No entanto, se não forem sentidos pelos menos 10 movimentos no espaço de 2 a 3h durante o terceiro trimestre, a mãe deve recorrer imediatamente a ajuda médica de modo a assegurar a segurança do bebê.
Outras posições
Por vezes, o bebê pode permanecer numa posição desconfortável para a mãe. Principalmente no final da gestação, em que o bebê está maior e começa a comprimir outras estruturas próximas ao útero, provocando sintomas como falta de ar, azia, dificuldade em adormecer, compressão da bexiga e dor. Existem então algumas medidas que podem ajudar o bebê a descer na pelve ou a mudar de posição, de forma a proporcionar algum alívio e conforto à mãe. Porém, é de reforçar que a posição depende inteiramente do bebê e nenhuma destas medidas garante eficazmente a mudança de posição.
- Sentar numa almofada de pernas cruzadas e fazer leves inclinações pélvicas.
- Fazer alongamentos adaptados à gravidez
- Atividade física regular
- Sentar em bola de parto e efetuar movimentos rotativos das ancas
- Dormir para o lado que se pretende que o bebê vire