Dentes de Leite

Os primeiros dentes de um bebé (dentes de leite) são um marco muito especial no crescimento. Mas podem trazer aos pais algumas dores de cabeça e muitas dúvidas. “Quando devem começar a nascer os dentes de leite?”; “Quando caem e o que fazer se não caírem?”; “Como evitar as birras na hora de lavar os dentes?”; “Que pasta usar?”; “Qual a quantidade que deve ser utilizada? “. E afinal, deve ou não bochechar com água depois da lavagem? Não desespere! É normal ter dúvidas, nós explicamos tudo.

Porque são chamados lentes de leite?

Os dentes de leite são os primeiros dentes e acompanham o bebé ao longo do seu desenvolvimento, até ao início da adolescência.

Na comunidade científica estes dentes apelidam-se de decíduos, embora todos os conheçamos como dentes de leite, o termo adotado popularmente, e não existe consenso na explicação desta terminologia. Há quem diga que têm este nome porque nascem enquanto a mãe amamenta o bebé. Mas há também quem defenda que é por causa da coloração, porque os dentes de leite são muito brancos, especialmente quando comparados com os definitivos. A cor dos dentes decíduos explica-se pela espessura do esmalte, que é mais fina do que nos dentes permanentes.

Quanto nasce o 1º dente?

Regra geral, os dentes de leite começam a nascer por volta dos 6 meses, embora possam nascer uns meses mais tarde. É importante termos em mente que cada criança é uma criança e tem o seu próprio ritmo. Se os dentes de leite começarem a nascer mais tarde, o mais provável é que comecem a cair também mais tarde do que o previsto. Novamente evocando a regra geral, a dentição de leite fica completa por volta dos 3 anos e compõe-se em 20 dentes: 8 incisivos (os da frente), 4 caninos e 8 molares.

Quando começam a cair os 1º dentes de leite

No que diz respeito à queda destes dentes, os primeiros começam a cair por volta dos 6 anos, mas o processo só termina entre os 11 e os 13 anos e esperam-se 28 dentes definitivos. Os 20 dentes de leite libertam espaço para os seus sucessores, aos quais se juntam 8 molares.

É apenas no final da adolescência que a dentição fica completa (32 dentes), com o nascimento dos 4 dentes do ciso, que voltam a lembrar-nos das dores de erupção dentária. Felizmente são cada vez mais os casos em que se verifica a ausência de dentes do ciso, graças ao desenvolvimento da espécie humana.

Os dentes de leite podem não cair, o que fazer.

Apesar do que é esperado, em alguns casos os dentes de leite podem não cair de forma fácil ou natural. E nessas situações existem três soluções. A primeira, se o dente definitivo já “estiver a espreitar” e abanar ligeiramente, é pedir à criança que vá tentando abaná-lo para que o dente comece realmente a abanar e se possa soltar. A segunda, se o dente definitivo já estiver a nascer, mas o de leite não abana, então deve ir ao dentista e, por norma, o aconselhado nestas situações é a extração do dente de leite. A terceira, caso se verifique que não existe dente definitivo por baixo do dente de leite, então o melhor é não forçar a queda. Como não há movimento eruptivo, o mais provável é que esse dente de leite se mantenha no seu lugar durante muito tempo.

Como e quantas vezes ao dia devemos lavar os dentes de leite?

Agora que já pusemos em pratos limpos algumas tecnicalidades, recuemos largos anos no crescimento e falemos da lavagem dos primeiros dentes. Como devem ser lavados os dentes de leite? Bem, teoricamente deveriam ser lavados após todas as refeições, mas como isto muitas vezes não é possível, devem ser lavados duas vezes ao dia, após o pequeno-almoço e antes de dormir. É importante frisar que a lavagem da noite deve mesmo ser feita antes de dormir e não depois do jantar, ou antes de última mama/biberon. O leite é cariogénico e pode contribuir para a formação de caries, as chamadas caries do biberon, que por norma costumam surgir na zona onde a tetina encosta, por isso a lavagem dos dentes deve mesmo ser a última coisa a fazer antes de adormecer.

Devemos comprar alguma paste de dentes especial?

Em relação à pasta de dentes vamos lá esclarecer: as pastas de supermercados também são boas, tal como as da farmácia. Se procura um tratamento específico, por algum motivo especial, o mais certo é encontrar a pasta que procura apenas na farmácia. Mas se quer uma pasta de dentes perfeitamente normal, as de supermercado são bastante boas. No momento da compra da pasta, estas são as considerações que vale a pena ter em conta:

1º – Quantidade de fluor:

O mais importante na escolha da pasta é verificar a quantidade de fluor, na parte traseira do tubo, normalmente em letras pequeninas. Entre os 0 e os 3 anos a quantidade deve corresponder a 1000 ppm de fluor, a partir dos 3 anos deve corresponder a 1450 ppm de fluor. No entanto, é a quantidade de pasta colocada na escova que vai adaptar o fluor necessário a cada fase do crescimento. Para os bebés pequenos a quantidade de pasta deve ser igual à unha do dedo mindinho do bebé. Já para as crianças de três anos a pasta deve ocupar o espaço de uma ervilha.

2º – Sabor neutro:

Numa primeira reação às birras daqueles que não gostam da lavagem dos dentes, o impulso poderá ser comprar uma pasta de dentes com sabor a morango, banana, gomas ou pastilha elástica. E até pode resultar nas primeiras birras, mas aumenta o risco de a criança ter vontade de comer a pasta de dentes, o que pode ser muito perigoso se ingerir grandes quantidades.

É importante nunca esquecer que a pasta de dentes é um medicamento e por isso não deve ser administrada pelos mais novos, para que as quantidades não ultrapassem o saudável. É ainda aconselhável que não passe a escova por água, após colocar a pasta, porque assim vai formar-se mais espuma durante a lavagem e vai estimular a criança a engolir o dentífrico.

No que toca à lavagem propriamente dita, desengane-se quem acredita que as meninas e os meninos bem-comportados são aqueles que sabem lavar os dentes sozinhos. As crianças pequenas não devem lavar os seus próprios dentes, devem ser os pais a fazê-lo. Poderíamos sugerir que assim fosse até aos 6 anos, mas a verdade é que não existe uma idade definida para os mais novos começarem a ser autónomos na lavagem dos dentes, depende sobretudo do seu próprio desenvolvimento. Se uma criança não sabe apertar os cordões dos sapatos, ou tomar banho sozinha, certamente ainda não estará na altura de lavar os dentes sozinha.

Vamos agora às birras e aos melhores truques para lidar com elas:

• Lave os seus dentes enquanto lava os do seu filho/a e torne a escovagem de dentes um hábito de pai/mãe e filho/a;
• Utiliza ampulhetas ou cronómetros enquanto escova os dentes da criança e peça-lhe que controle o tempo, assim ele/a terá uma tarefa para fazer também;
• Tenha uma escova a mais e deixa a criança brincar com ela durante a escovagem, assim terá as mãos ocupadas;
• Cante uma canção que ele/a goste;
• Sugerir à criança que faça a escovagem dos dentes dos seus bonecos;
• Utilizar escovas de dentes com luz ou música;
• E não se esqueça dos elogios quando se portar bem!

Deve ou não bochechar com água?

Para finalizar a escovagem, coloca-se a questão: deve ou não bochechar-se com água? Bem sabemos que a resposta a esta pergunta pode (e vai) fazer confusão a alguns pais, mas a verdade é que não se deve bochechar com água no final da lavagem dos dentes. Deve-se sim cuspir os excessos de pasta, mas não se deve passar a boca por água, caso contrário vai retirar uma importante parte do fluor, que deveria ficar nos dentes.

E o fio dentário?

Falemos agora do uso de fio dentário, que apesar de surgir em último lugar neste artigo, deve ser feito antes de todas as escovagens dos dentes. Infelizmente esta ainda não é uma prática muito comum, tanto na higiene oral de adultos como na de crianças, mas é muito importante para evitar as caries que se formam entre os dentes.