Meningite no bebês Causas e Sintomas

Meningite no bebês Causas e Sintomas

A meningite em bebês é uma inflamação aguda das meninges, as três membranas que protegem o cérebro e a espinal medula. Pode ocorrer em qualquer idade, embora os bebês com idade inferior a 2 anos apresentem um maior risco. A meningite é uma condição séria e potencialmente grave, quer em relação ao risco de vida do bebês, quer a possíveis complicações persistentes. No entanto, a realização de vacinação associada a um diagnóstico e tratamento atempados, têm vindo a diminuir o número de casos de meningite na criança e ocorrência de complicações consequentes.

Quais as causas meningite em bebês e crianças?

Pode ser causada por um agente viral, bacteriano, fúngico ou parasita que invade primeiramente o líquido cefalorraquidiano. Embora a meningite viral seja a mais frequente, a bacteriana é tipicamente a sua forma mais grave.

Meningite viral

As mais comuns, geralmente menos graves, são causadas por vírus que não causariam doença num adulto, no entanto, nos bebês, há um risco acrescido de meningite e complicações:

  • Enterovírus (gastroenterite)
  • Influenza (gripe)
  • Vírus do herpes simples
  • Vírus varicela-zoster
  • Sarampo e “papeira”
  • Vírus do Nilo Ocidental ou outros vírus transmitidos por mosquitos

Meningite bacteriana

Em recém-nascidos, a meningite é geralmente causada por bactérias adquiridas no canal de parto que entram na corrente sanguínea do bebês. Já as crianças mais velhas desenvolvem infeção por contacto com secreções respiratórias contaminadas com bactérias.

A meningite por Haemophilus influenzae tipo b era a principal causa de meningite; no entanto, a vacinação atual a nível mundial tem vindo a constituir um fator essencial para diminuir a sua prevalência e torná-la numa causa cada vez mais rara de meningite infantil.

A meningite bacteriana, devido à sua gravidade, deve ser tratada como uma emergência médica. Se não identificada e tratada precocemente, este tipo de meningite não só pode ser potencialmente fatal, como origina um risco acrescido de complicações no desenvolvimento do bebês.

Alguns dos agentes mais comuns incluem:

  • Streptococcus do grupo B
  • Escherichia coli (E. coli)
  • Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae tipo b (Hib)
  • Listeria monocytogenes
  • Neisseria meningitides

Meningite fúngica

Forma mais rara, é causada pela inalação de fungos por parte de indivíduos já com comprometimento do sistema imune (diabetes, cancro, VIH/SIDA).

Meningite por parasitas

Causada pela contaminação de alimentos, principalmente em países menos desenvolvidos.

Sinais e sintomas de meningite em bebê e crianças

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Recém-nascidos e crianças <1 ano

A sintomatologia apresentada pelos recém nascidos e crianças mais pequenas é pouco específica, tornando-se mais difícil de diferenciar de um quadro de gripe ou gastroenterite. Para além disso, nestas idades, as crianças não são ainda capazes de comunicar abertamente um desconforto específico. Por este motivo, o surgimento de sintomas progressivamente mais focais, neurológicos, deverá alertar para o agravamento do quadro.

  • Irritabilidade, choro fácil
  • Fontanela saliente
  • Sonolência excessiva, dificuldade em acordar
  • Membros flácidos ou muito rígidos
  • Perda de apetite
  • Febre ou temperatura anormalmente baixa
  • Náuseas e vómitos
  • Erupção cutânea (manchas na pele)

O bebê pode ainda experienciar convulsões, não pela doença em si, mas causadas pela febre.

Crianças > 2 anos e adolescentes

Mesmo em crianças mais velhas, nem sempre é fácil de identificar um quadro de meningite numa fase inicial. No entanto, os sintomas são já mais específicos do que no recém nascido, isto é, mais sugestivos de meningite:

  • Febre
  • Rigidez da nuca
  • Fotofobia (sensibilidade à luz)
  • Dor de cabeça
  • Confusão
  • Sonolência e cansaço
  • Náuseas e vómitos

O surgimento de manchas “avermelhadas” ou “arroxeadas” na pele deverá alertar para uma forma mais grave de meningite, a meningite meningocócica.

Como se transmite a meningite?

A meningite viral transmite-se através do contacto direto com muco nasal, saliva ou fezes. Por sua vez, a transmissão na meningite bacteriana ocorre através do contacto com secreções respiratórias de pessoas infetadas.

Existem ainda grupos de risco em que há uma maior probabilidade de infeção em caso de contacto/transmissão:

  • Bebês com <1 ano ▪ Crianças >5 anos
  • Infeção respiratória ou do ouvido recente
  • Traumatismo penetrante da cabeça
  • Neurocirurgia recente
  • Doenças ou fármacos que causam o comprometimento do sistema imunológico
  • Viagem recente para áreas endémicas

Quando ir ao médico?

Se a criança apresentar qualquer um dos sintomas referidos anteriormente, deve ser procurada ajuda médica imediata de modo a se proceder a um diagnóstico e tratamento atempados.

Como é tratada a meningite em bebês e crianças?

Certas meningites virais resolvem espontaneamente sem qualquer tratamento, em cerca de 7 a 10 dias. Como para uma grande parte das infeções víricas, não existe um fármaco antiviral específico, sendo que o tratamento consiste na administração de analgésicos, antipiréticos e fluidos de modo a aliviar os sintomas e assegurar a hidratação da criança. No entanto, no caso de certos vírus, como o vírus varicela-zoster, pode ser necessária a administração de antivirais como o aciclovir.

Por sua vez, a meningite bacteriana implica tratamento em internamento com antibioticoterapia endovenosa, dado o risco de desenvolvimento de infeção generalizada (sépsis)e complicações. O tratamento vai depender ainda da gravidade, idade da criança, agente causal e outras doenças associadas.

Independentemente do caso, dado ser uma emergência médica, a hipótese de meningite bacteriana deve ser sempre excluída, daí a extrema importância de os pais recorrerem rapidamente a ajuda médica, logo ao aparecimento de qualquer sintoma sugestivo de infeção.

Quais as complicações?

De acordo com um estudo da Frontiers in Pediatrics (2017), cerca de 90% dos recém nascidos com meningite sobrevive; porém, 20% a 50% pode vir a desenvolver complicações neurológicas, nomeadamente hidrocefalia (acumulação de líquido no cérebro), perda de audição, convulsões, incapacidade intelectual, dificuldades de aprendizagem e alterações no desenvolvimento psicomotor.

Como evitar a meningite em bebês e crianças?

Medidas Gerais

As crianças em idade escolar apresentam maior propensão para meningite. Existe então um conjunto de medidas que devem ser adotadas pelos pais de modo a prevenir a infeção:

Meningite no bebês Causas e Sintomas
  • Lavar frequentemente as mãos da criança.
  • Não tocar no rosto com as mãos sujas.
  • Espirra e tossir para um lenço de papel ou para o cotovelo flexionado.
  • Não partilhar talheres e alimentos.
  • Manter superfícies, espaços e brinquedos higienizados, especialmente se alguém estiver doente dentro do agregado familiar.
  • Evitar contacto próximo com pessoas doentes
  • Evitar espaços fechados ou lotados

Vacinação

O cumprimento do Plano Nacional de Vacinação (PT) é essencial para à prevenção da meningite. Todas as crianças devem realizar a toma das vacinas:

▪ vacina conjugada contra o Haemophilus influenzae tipo b (Hib)
▪ vacina pneumocócica conjugada (Streptococcus pneumoniae)
▪ vacina meningocócica conjugada (Neisseria meningitidis C)

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Algumas crianças pertencentes a grupos de risco específicos devem ainda realizar a vacina meningocócica contra Neisseria meningitidis dos serogrupos ACWY.

Quimioprofilaxia

Em pessoas que estiveram em contacto próximo com indivíduos que tiveram meningite por Neisseria meningitidis ou Haemophilus influenzae, deve ainda ser realizada quimioprofilaxia, isto é, a toma de antibióticos, preferencialmente, durante as primeiras 24h.

Deste modo, devem fazer profilaxia:

  • Membros do mesmo agregado familiar, principalmente aqueles com idade inferior a 2 anos.
  • Funcionários de creches
  • Todas as pessoas expostas diretamente à saliva da criança infetada (beijos, partilha de utensílios, profissionais de saúde que procederam à avaliação da criança)
  • Crianças expostas que não foram imunizadas ou que apenas receberam imunização parcial
  • Crianças com sistema imune comprometido