Quando o bebê começa a falar

Quando o bebê começa a falar

O bebê começa a falar, normalmente a partir dos 12 meses, mas isto não é uma regra, pois poderá depender, em muito, dos estímulos que recebe. Os bebês começam a desenvolver a linguagem muito antes de formularem as primeiras palavras.

Inicialmente, comunicam através balbucios, gemidos e choro, sons estes que não constituem verdadeiro discurso. A linguagem enquanto forma de comunicação é um conceito complexo: não é só através de palavras, mas também de sons, olhares e gestos que é possível comunicar, expressar emoções, necessidades e interesses.

O desenvolvimento da fala vai depender amplamente da forma como o bebê se expressa e de como os pais comunicam com ele, principalmente durante os 3 primeiros anos de vida. Quanto mais palavras ouvirem e apreenderem durante este período, melhor vai ser a sua capacidade de expressão através da linguagem e de aprendizagem global no futuro.

Quando o bebê começa a falar?

Aprender a primeira palavra é um dos momentos mais aguardados pelos pais. A aprendizagem da linguagem geralmente tem início entre os 6 e 14 meses e, inicialmente, é não verbal, surgindo da necessidade de expressão de emoções ou necessidades físicas, como a fome.

Para além disso, não podemos considerar que a fala apenas tem início quando o bebê diz a primeira palavra. É preciso ter em atenção que, apesar de usar ainda balbucios, se o bebê recorre aos mesmos sons específicos para descrever uma mesma ação (por exemplo, repetir certo balbucio quando pede o biberão), já podemos considerar que existe intenção no modo como o bebê se expressa.

Quando o bebê começa a falar

De facto, a fala vai depender não só das palavras e sons que é capaz de pronunciar, mas também da capacidade de o bebê perceber o significado que é suposto esse mesmo som ter.

Alguns marcos do desenvolvimento da fala incluem:

  • 1 mês: reconhece a voz da mãe.
  • 3 meses: volta-se em resposta a sons.
  • 6 meses: monossílabos.
  • 9 meses: repete vários sons (mono- e dissílabos).
  • 12 meses: jargão (sons que parecem linguagem verdadeira). Reconhece o nome e obedece a ordens simples.
  • 18 meses: usa mais de 10 palavras e aponta partes do corpo.
  • 2 anos: constrói frases de 2 palavras. Diz o nome e fala sozinho enquanto brinca.
  • 3 anos: constrói frases de 3 palavras.
  • 4 anos: conta histórias e é capaz de ter uma conversa bilateral. Linguagem compreensível.
  • 5 anos: vocabulário fluente.

É de reforçar ainda que nenhum destes marcos tem de ser obrigatoriamente atingido nas idades indicadas, cada bebê tem um ritmo de aprendizagem e desenvolvimento único.

Primeiras palavras

Para além de “Mamã” “Papá” e “Vó/Vô”, as primeiras palavras do bebê são, geralmente, palavras de afirmação/negação (“sim” e “não”) ou relacionadas com a alimentação (“mais”, “dá”, “leite”). Os cumprimentos (“olá”, “xau”), os animais (“cão”, “gato”, “pato”) e as onomatopeias (“miau”, “au au”) são também das primeiras palavras a ser aprendidas pelo bebê.

Nesta fase, existe ainda uma discrepância entre o número de palavras que utiliza e as que já conhece e compreende. Quando diz a primeira palavra, o bebê já é, na verdade, capaz de compreender cerca de 25. O vocabulário da criança depende ainda das suas próprias experiências, do ambiente que o rodeia e da linguagem familiar.

Como incentivar o bebê a começar a falar?

Uma das formas mais importantes e eficazes de estimular o bebê a começar a falar é falar com o ele. É essencial que os pais, sozinhos com a criança (sem a presença de distrações ou de outras crianças) falem frequentemente com o bebê em linguagem “de adultos”. É bastante comum haver a tendência para falar com “fala de bebê”, até porque os balbucios e tom de voz mais agudo vão despertar um maior interesse e atenção por parte do bebê.

No entanto, a longo prazo, isto poderá prejudicar a criança e atrasar a sua aprendizagem, já que é a escutar a voz dos pais que vão aprender o ritmo e como pronunciar corretamente as palavras e associá-las às objetos e experiências do dia a dia. Estes momentos frequentes de “conversa” entre pais e bebê proporcionam a atenção e conforto necessários a uma maior compreensão e aquisição de um vocabulário progressivamente mais expressivo.

Quando o bebê começa a falar

Assim, de modo a promover o desenvolvimento da fala, os pais devem:

  • Sorrir e manter contacto visual, de modo a encorajar as tentativas de comunicação.
  • Não desviar o olhar ou interromper o bebê quando tenta comunicar.
  • Limitar o tempo de exposição do bebê à televisão.
  • Narrar as ações do dia a dia para que o bebê observe e associe as palavras aos objetos, ações e experiências.
  • Ler para o bebê.
  • Responder aos balbucios do bebê com respostas elaboradas, isto é, utilizando frases completas e em “linguagem de adulto”. Se o bebê já diz algumas palavras, introduzi-las frequentemente no discurso irá ajudá-lo a pronunciar corretamente.

E se o bebê não fala?

É necessário enfatizar que há uma percentagem significativa de bebês que não começam a falar até 12 meses. Tal como outras capacidades e marcos da aprendizagem, a idade de introdução da fala varia muito de criança para criança.

  • A fala corresponde à expressão verbal, articulação da linguagem, através de sons e palavras. No atraso da fala, a criança utiliza palavras e frases para expressar ideias, mas os pais poderão ter dificuldade em percebê-la. Existe um grande número de patologias que podem estar na sua origem, tais como perturbações do comportamento (autismo) e problemas auditivos.
  • A linguagem, por sua vez, consiste na troca de informação, isto é, perceber e ser capaz de ser compreendido através da comunicação verbal e não verbal. No atraso da linguagem, a criança poderá ser capaz de pronunciar corretamente as palavras, mas não ser capaz de juntá-las de modo a formar frases.

Frequentemente, é difícil para os pais perceber se a criança está apenas a demorar um pouco mais a atingir determinando marco da aprendizagem ou se existe de facto um problema subjacente. Existem, no entanto, algumas guidelines que poderão ajudar os pais, no sentido de identificar, quando presente, um desenvolvimento mais lento do que o normal:

  • 9 meses: não balbucia. O balbuciar surge ainda mais cedo do que a fala entre os 4 e 10 meses. Se aos 9 meses ainda não balbucia, poderá ser um primeiro sinal de alarme.
  • 12 meses: não utiliza gestos (apontar e acenar)
  • 13 meses: não disse ainda a primeira palavra
  • 18 meses: comunica preferencialmente através de gestos em detrimento da vocalização. Apresenta dificuldade em imitar sons e em perceber ordens simples.
  • 2 anos: imita ações e repete discurso para expressar apenas necessidades imediatas, mas não diz palavras ou frases espontaneamente. Não cumpre ordens simples. Utiliza um tom de voz nasalado ou “rouco”.

Os pais geralmente percebem e interpretam o choro e fala dos filhos, quando muitas vezes terceiros não conseguem. Por este motivo, se o discurso for mais difícil de entender do que o expectável para a idade, até para os pais, deverá suscitar algum alarme.

Quando o bebê começa a falar

Do mesmo modo, se aos 4 anos de idade, a criança não é compreendida por pessoas externas ao círculo familiar, será necessário recorrer a consulta especializada.

Uma intervenção atempada é o melhor método para identificar e tratar um atraso de desenvolvimento subjacente. Quanto mais cedo decorrer a abordagem, menor será o impacto comportamental e melhor será o desempenho escolar futuro da criança.

Outras formas de comunicação

Existem ainda outras formas de comunicação, como a linguagem gestual, que, no caso de lacuna a nível da comunicação verbal, poderão ser úteis no estabelecimento de uma ponte de comunicação entre pais e criança.

Quando o bebê começa a falar

Usando o exemplo da linguagem gestual, esta pode ser introduzida logo a partir dos 6 meses, e permitirá à criança uma melhor expressão das suas emoções, pensamentos e necessidades, sem qualquer interferência ou impacto negativo no desenvolvimento da comunicação oral. Na verdade, o ensino da linguagem gestual não só ajuda a criança a adquirir um vocabulário mais abrangente e estimula a aprendizagem da linguagem, como também facilita o desenvolvimento comportamental, ajudando a lidar com as “birras” resultantes da falta de comunicação com os pais.