Hoje vamos falar de um dos órgãos mais importantes para o desenvolvimento de um feto: a placenta. A placenta é um órgão exclusivo da gravidez, ou seja, sua formação se inicia após a fecundação do óvulo, e ao final da gravidez ele é expelido do corpo materno junto do bebê. É o órgão responsável por fazer a conexão entre mãe e feto, pois o cordão umbilical do bebê se liga na placenta. Uma gravidez é inviável sem placenta.
- Mas exatamente o que é a Placenta?
- Qual a Função da Placenta Durante a Gravidez?
- Que Alterações Podem Surgir na Placenta Durante a Gravidez?
- Posicionamento da Placenta
- Os Graus da Placenta
- Afinal, O Que Fazer com a Placenta Depois do Parto?
- Ingerir placenta: O que dizem os especialistas?
- Curiosidades Sobre a Placenta e o Cordão Umbilical
Mas exatamente o que é a Placenta?
Como já foi dito, a placenta é um órgão formado durante a gestação. Sua principal função é garantir que o feto tenha as condições ideais para se desenvolver. A placenta também é um meio de comunicação que há entre o feto e a mãe, ajudando a garantir que o feto tem tudo que precisa durante seus 9 meses de formação.
A placenta começa a se formar depois que o óvulo fecundado se implanta no endométrio, na parede uterina. Sua formação se inicia a partir de células do útero em conjunto com células do embrião em desenvolvimento.
Normalmente a placenta seria jogada no lixo hospitalar, porém recentemente algumas mães e pais começaram a reivindicar os direitos sobre a placenta e seu descarte. No final deste artigo veremos as curiosas utilidades que muitas pessoas encontraram para a placenta após o parto.
Qual a Função da Placenta Durante a Gravidez?
A placenta tem várias funções durante a gravidez, e ela é fundamental para o desenvolvimento do bebê. Abaixo, separamos algumas de suas principais funções no período gestacional:
- Uma das funções essenciais da placenta é estimular a produção de hormônios importantes durante a gravidez. A placenta tem importantíssima função endócrina, e colabora com todo o metabolismo gestacional, garantindo a produção de hormônios essenciais como progesterona, estrógeno, gonadotrofina coriônica, lactogênio e prostaglandinas.
- É a placenta que fornece ao feto os nutrientes e o oxigênio que ele precisa, através do cordão umbilical.
- A placenta garante a proteção contra impactos que o feto precisa no início da gravidez.
- A placenta oferece a proteção imunológica que o bebê necessita durante a gestação.
- Auxilia na manutenção de líquido amniótico, que protege o bebê de impactos dentro da barriga até o final da gestação, e é essencial para a sobrevivência e funcionamento de órgãos do bebê.
Que Alterações Podem Surgir na Placenta Durante a Gravidez?
A placenta, por ser um órgão essencial para a vida e desenvolvimento do bebê durante a gestação, precisa ter acompanhamento médico para observar possíveis alterações e iniciar o tratamento o quanto antes. Por isso, é importante reiterar a necessidade de fazer um acompanhamento pré-natal completo, para observar não só o desenvolvimento do feto e da mãe durante a gravidez, mas também o desenvolvimento da placenta.
Descolamento da placenta
Descolamento de placenta pode ser muito grave e requer atendimento médico imediato. Mais comum a partir do 5º mês de gestação, acontece quando a placenta se desprende de forma prematura da parede uterina.
Sintomas: Dentre os sintomas comuns do descolamento placentário prematuro, há a forte dor abdominal de início súbito, contração intensa e prolongada, sudorese, taquicardia, início de trabalho de parto prematuro e hemorragia vaginal (sintoma do qual falaremos mais abaixo). Nenhum desses sintomas podem ser ignorados, e o auxílio médico deve ser imediato.
Em 70% dos casos de descolamento de placenta, ocorre como sintoma sangramento vaginal. A hemorragia pode ser de três tipos:
- Exteriorizada, que sai pela vagina
- Hemoâmnio, onde o sangue pode alcançar a cavidade amniótica
- Retroplacentário, que fica retido atrás da placenta
Nos últimos dois casos, é necessário um exame de imagem para fazer a detecção do sangramento.
Grupo de risco: Gestantes que sofrem de hipertensão, pré-eclâmpsia ou eclâmpsia são grupo de risco, assim como fumantes. Essa condição também pode ser desencadeada por atrito físico, como queda ou batida na barriga.
Placenta acreta
Quando a placenta não se adere de forma correta ao útero, se fixando demais, ela é chamada de placenta acreta, ou acretismo placentário. Sua aderência excessiva pode gerar dificuldades e complicações na hora do parto, e está ligada ao grande risco de hemorragias graves.
A classificação da placenta acreta é feita de acordo com a profundidade de sua implantação, podendo ser:
- Placenta acreta simples. Aqui, a placenta invade parte do miométrio (camada média do útero).
- Placenta increta. Neste caso, a placenta penetra completamente o miométrio.
- Placenta percreta. É o caso mais grave e que gera maior complicação, pois a placenta não invade somente o miométrio, como pode invadir todo o útero e ainda outros órgãos adjacentes. Apesar de ser rara, a placenta percreta tem um índice expressivo de mortalidade materna e fetal.
A placenta acreta é mais uma alteração que pode acontecer na placenta durante a gravidez, e como tantas outras, seu diagnóstico precoce (durante os exames pré-natal) pode salvar a vida da mãe e do bebê, pois há a possibilidade de marcar a cesária seguida de histerectomia, que infelizmente é o tratamento que costuma ser indicado para evitar complicações graves para ambos.
Sintomas: Normalmente o acretismo placentário não gera nenhum sintoma para a gestante, o que é mais uma razão para manter os exames em dia.
Um sintoma não frequente, mas que acontece, é um pequeno sangramento vaginal que não vem acompanhado de nenhum tipo de dor ou desconforto.
Grupo de risco: Gestantes que já tiveram placenta prévia, ou gestantes que tiveram cesárea menos de 1 ano antes do novo embrião se fixar na parede do útero. Quanto mais cesáreas a gestante já teve, maior a chance dessa condição se desenvolver.
Placenta calcificada ou envelhecida
Não é uma alteração anormal, muito pelo contrário. É um processo que está relacionado com o desenvolvimento normal da placenta, como veremos mais abaixo, no tópico sobre sua classificação por graus.
Porém, caso a placenta alcance grau 3 antes da 34ª semana, isso pode diminuir o ritmo de desenvolvimento do feto, passando a ser um problema que precisa de auxílio médico.
Sintomas: O envelhecimento precoce da placenta não apresenta sintomas, e pode ser identificado através das ultrassonografias de rotina do acompanhamento pré-natal.
Infarto da placenta ou trombose placentária
Caso haja entupimento de algum vaso sanguíneo da placenta, ocorre o infarto placentário ou trombose placentária. Por conta de diminuir a quantidade de sangue na placenta, é uma complicação que, dependendo da gravidade, pode causar aborto ou então passar assintomática e desconhecida até o fim da gravidez.
Sintomas: É muito comum o infarto ou trombose placentária não causar nenhum sintoma na gestante. Porém um sintoma significativo que pode ser indicativo de trombose na placenta é falta de movimento do bebê. Ao sentir que o bebê não está se movimentando, é importante ir imediatamente ao pronto-socorro ou se consultar com o obstetra que está acompanhando a gravidez.
Posicionamento da Placenta
A placenta pode se formar em diferentes posições dentro do útero, e a maioria delas não causa nenhum risco à mãe ou ao bebê. Esse posicionamento da placenta pode ser visto pelo ultrassom.
Placenta prévia
A placenta prévia, conhecida também como placenta baixa, é o nome dado à placenta que se desenvolve na região inferior do útero. Apesar de ser algo frequente no início da gravidez, é importante fazer todo o acompanhamento pré-natal corretamente, pois caso ao longo da gravidez ela não se desloque e se posicione no local correto, a placenta prévia pode impedir um parto normal.
Além disso, caso ela persista até o final do segundo trimestre de gravidez, a placenta prévia é o único posicionamento de placenta que pode atrapalhar o desenvolvimento do bebê.
Sintomas: O sintoma mais recorrente entre as pessoas que desenvolveram placenta prévia durante a gravidez é o sangramento vaginal. Em caso de qualquer tipo de sangramento vaginal durante a gravidez, procure orientação médica!
Grupo de risco: Gestantes que já tiveram cesárea, grávidas de gêmeos ou grávidas que tenham mioma uterino (tumores benignos comuns).
Placenta anterior
A placenta é considerada anterior quando ela se posiciona na parte frontal do útero, podendo estar tanto do lado direito quanto do lado esquerdo do corpo. Esse posicionamento de placenta não causa complicações, porém é comum que a gestante demore mais para sentir os movimentos do bebê, que ficam amortecidos pela placenta. Quando a placenta é anterior, o comum é que os movimentos comecem a ser sentidos a partir da 28ª semana de gestação. Caso a gestante não perceba movimentos depois da 28ª semana, deve-se procurar orientação médica para averiguar o motivo.
Placenta posterior
Ao contrário da placenta anterior, a placenta posterior é posicionada na parte de trás do útero, podendo estar tanto do lado direito quanto do lado esquerdo do corpo. Quando a placenta está nessa posição, é comum começar a sentir o bebê se movimentar entre a 18ª e 24ª semana de gestação. Esse posicionamento de placenta não causa complicações, mas caso a gestante não perceba movimentos do bebê após a 24ª semana, ou caso perceba que os movimentos que sentia pararam, é importante procurar orientação médica.
Placenta fúndica
A placenta fúndica fica posicionada na parte de cima do útero. Assim como a placenta posterior, esse posicionamento não traz complicações à gravidez ou ao desenvolvimento do bebê. Seus movimentos podem começar a ser sentidos no período normal, aproximadamente entre 18ª e 24ª semana de gestação, devendo a gestante ter sempre atenção quanto à ausência de movimentos após esse período.
Os Graus da Placenta
Ao longo da gravidez, a placenta passa por um processo natural de maturação. Esse processo é dividido em quatro fases, denominadas ”graus”.
- Grau 0. Costuma durar até a 18ª semana. Neste grau a placenta é homogênea e sem calcificação.
- Grau 1. Acontece entre a 18ª e a 29ª semana. Neste grau, pequenas calcificações intraplacentárias são comuns na placenta.
- Grau 2. Acontece entre a 29ª e 38ª semana. Nesse momento, aparecem calcificações na placa basal da placenta.
- Grau 3. É o último grau, e acontece aproximadamente da 39ª semana até o parto. Esse grau marca a maturação dos pulmões do bebê, e é caracterizada por conter calcificações desde a placa basal até a coriônica.
Até hoje não se sabe ao certo a razão, mas há casos em que a maturação ao grau 3 da placenta ocorre de forma precoce, antes até da 36ª semana de gravidez. Quando a maturação precoce da placenta é identificada, a gestante precisa ser constantemente monitorada para evitar complicações como descolamento da placenta, parto prematuro, hemorragia intensa no pós-parto ou nascimento de bebê pequeno com baixo peso.
Afinal, O Que Fazer com a Placenta Depois do Parto?
Apesar do tabu em relação à placenta ainda muito presente na sociedade ocidental contemporânea, cada dia mais seus diferentes usos estão ganhando popularidade entre os jovens pais e mães. Cheia de simbologia, a placenta é admirada por sua complexidade de ser formada por dois organismos diferentes e funcionar como um único órgão, em completa harmonia com ambos organismos. Outra coisa que chama atenção é que a placenta é o único órgão humano que o corpo simplesmente descarta depois de usar.
O uso da placenta enterrada, usada como adubo, e até ingerida, já foi registrado em diversas culturas pela humanidade, que hoje têm essas tradições revitalizadas pelas mães e pais da atualidade. A não ser que ela seja usada imediatamente, a placenta precisa ser congelada o mais cedo possível (especialmente se for encapsular). Confira abaixo as 3 formas mais comuns de utilizar a placenta após o parto:
- Encapsular. Mundo afora já existem muitas empresas especializadas em encapsulamento de placenta. Onde ainda não há grandes empresas, há casas de parto humanizado que costumam oferecer esse serviço de forma artesanal. Essas cápsulas devem ser ingeridas durante o puerpério, de acordo com a orientação do fabricante. De acordo com os fabricantes, para fazer o processo de encapsulação da placenta sem perda dos nutrientes ou risco de contaminação, é importante manter o órgão refrigerado e então congelá-lo em até 5 horas após o parto. Entregue congelada, a placenta será desidratada e triturada, para então ser armazenada dentro das cápsulas e entregue de volta à mãe.
- Carimbo. É cada dia mais comum mães e pais carimbarem a placenta. A imagem, chamada por muitos de “árvore da vida”, pode ser feita logo após o parto, usando o próprio sangue como tinta, ou em outro momento depois de congelar a placenta, utilizando então tinta.
- Enterrar/usar como adubo. Muitas mães ou pais são adeptos dessa forma de descarte da placenta. É muito simples, basta enterrar a placenta em um vaso ou no chão, e plantar sobre ela sementes ou alguma muda. A placenta vai oferecer os nutrientes necessários para a planta crescer forte.
Ingerir placenta: O que dizem os especialistas?
Não há consenso sobre a ingestão da placenta. Alguns especialistas afirmam que não faz mal nenhum, contanto que nunca se ingira placenta de outra pessoa que não a própria. Outros especialistas afirmam que ingerir a placenta faz bem à saúde da mãe, pois contém nutrientes e hormônios que o corpo precisa para se recuperar de forma saudável durante o puerpério. Enquanto algumas pesquisas e estudos tentam comprovar os benefícios de ingerir a placenta após o parto, a verdade é que a ciência ainda não tem uma resposta para essas questões, e cabe à gestante decidir o que será feito com sua placenta após o parto.
Curiosidades Sobre a Placenta e o Cordão Umbilical
- A altitude pode influenciar: Há estudos que afirmam que a altitude pode influenciar na qualidade da placenta e no tamanho do bebê. De acordo com essas pesquisas, mulheres grávidas que passam a gestação em altas altitudes conseguem extrair melhor o oxigênio do ar, e com isso, conseguem gerar bebês maiores e placentas mais fortes.
- Nutrientes e dejetos não se misturam: Entre a gestante e o feto, todas as trocas de substâncias são feitas através do cordão umbilical. O cordão é formado por uma veia e duas artérias. Enquanto a veia envia ao bebê sangue rico em nutrientes e oxigênio, as artérias carregam sangue com dejetos do bebê à placenta, e essa troca segue o ritmo cardíaco do feto.
- Os sangues não se misturam: O sangue materno e o sangue fetal não se misturam na placenta, e são separados pela membrana placentária.
- 0,5L de sangue por minuto: No último trimestre, o bebê chega a receber meio litro de sangue por minuto, através da veia do cordão umbilical.
- Cordão umbilical com só uma artéria: Em alguns bebês, acontece do cordão ter só uma artéria ao invés de duas. Essa alteração não costuma causar nenhum tipo de complicação.
- Placenta é multi-uso: Durante um período na gestação, a placenta funciona como os rins do bebê, atua no sistema gastrointestinal e funciona também como pulmão para o bebê em desenvolvimento. É ela que garante que o bebê se desenvolverá com saúde.
- Tamanho da placenta: Quando a gestação está na 16ª semana, a placenta tem aproximadamente o mesmo tamanho do bebê, porém quando ele nasce, ele já tem cerca de seis vezes mais peso que a placenta.
- Contrações pós-parto: No parto normal, a placenta costuma ser expelida pelo corpo após o parto, causando mais umas 4 ou 5 contrações, menos dolorosas que as anteriores.
- Evite cortar o cordão umbilical imediatamente: Quando o bebê nasce em um hospital, o comum é que o cordão umbilical seja imediatamente cortado. Porém, estudos e pesquisas atuais indicam que esperar aproximadamente 5 minutos antes de cortá-lo pode trazer muitos benefícios à saúde do bebê. De acordo com especialistas, o bebê continuar ligado à placenta durante alguns minutos após o parto garante boas condições físicas ao bebê durante o processo de transição da respiração, deixando de ser umbilical para passar a ser pulmonar. Relatos indicam que nesse intervalo de tempo o cordão muda de cor e textura, tornando-se mais claro e mole. Essa alteração acontece pois o sangue que ainda estava presente na placenta e no cordão são enviados ao bebê, que recebe até 50% de sangue a mais do que possuía quando nasceu, garantindo uma dose extra de nutrientes importantes como o ferro.
- Circular de cordão no pescoço do bebê: Ainda hoje muita gente acredita que caso o bebê esteja com o cordão umbilical dando a volta em seu pescoço, o parto necessariamente precisará ser uma cesárea. Felizmente hoje a medicina contesta essa afirmação, e sabe que não é todo caso de circular de cordão que indica necessidade de cesárea. A presença de circular de cordão no pescoço ou outro membro do bebê pode ser monitorada através de exames de imagem, e é identificada durante o acompanhamento pré-natal. É durante esses exames também que os médicos analisam a tensão do cordão envolta do bebê, e se está atrapalhando sua circulação. Se estiver tudo certo, normalmente o parto natural pode ocorrer sem problemas. Caso a gestante já tenha sofrido alguma outra complicação na gravidez, pode ser que a cesárea seja indicada em caso de cordão envolta do pescoço do bebê.
- Células-tronco: Tanto o sangue, presente dentro do cordão umbilical no momento de nascimento, quanto o tecido com o qual o cordão umbilical é formado são riquíssimos em células-tronco. Cada dia mais é possível encontrar pais e mães que buscam empresas especializadas em conservação de tecido do cordão umbilical para armazenamento de células-tronco. É um assunto que ainda traz muita polêmica, porém atualmente as células-tronco já podem ser usadas no tratamento de muitas moléstias. Os cientistas acreditam que essas células ainda serão a base para alcançar a cura de muitas doenças que assolam a sociedade atual, por conta de sua capacidade única de divisão constante e regeneração.
Agora que você já conseguiu entender um pouco sobre a complexidade e magnitude da placenta, e como ela é um anexo embrionário essencial para uma gestação de sucesso, você passou a entender também um pouco melhor a importância de manter um acompanhamento pré-natal com um especialista obstetra de confiança. E se você achou que este artigo contém informações importantes, não se esqueça de compartilhá-lo com quem você acha que também precisa aprender tudo sobre a placenta!