A produção de leite materno começa logo durante a gravidez. A partir das 6 semanas, vão decorrer alterações hormonais que estimulam as células glandulares da mama a tornarem-se células produtoras de leite (lactócitos). Geralmente cerca das 32 semanas, estes lactócitos são já capazes de produzir colostro (o primeiro leite, mais espesso e de cor amarelada) que fica armazenado nos alvéolos do tecido mamário para mais tarde ser libertado pelos ductos mamários.
Esta produção de leite prévia ao nascimento pode levar a que possa ocorrer libertação de líquido pelo mamilo muito antes do parto. Não há qualquer razão para alarme se a mãe notar algum leite a escorrer a qualquer altura da gravidez. Se a situação for muito incómoda, poderá ser aplicado lenço no soutien ou existem no mercado soutiens adaptados com discos absorventes para permitir uma maior absorção.
O leite já fica disponível logo ao nascimento?
O colostro tal como o leite materno, é rico em nutrientes e anticorpos essenciais à alimentação e desenvolvimento do sistema imune do bebé, assegurando as suas necessidades durante os 2 a 3 primeiros dias após o parto.
Desde o momento do parto, decorrem alterações hormonais que vão despoletar a transformação do colostro em leite materno.
Embora a produção inicialmente esteja muito dependente e dos níveis hormonais, uma vez obtido o leite materno, a produção vai depender principalmente da demanda, isto é, quanto mais o bebé mamar, maior quantidade de leite vai ser produzida. De outro modo, a produção de leite cessa.
Sinais de que produção de leite materno aumentou?
O organismo da mãe poderá manifestar alguns sinais aparentes que traduzem que o leite esta pronto para o bebé. O surgimento deste sinais vai ainda depender de mulher para mulher e dos seus níveis hormonais, podendo ser gradual ou repentino:
- Ingurgitamento (inchaço) da mama e mamilo
- Sensação de peso ou calor mamário
- Leite progressivamente menos espesso e mais esbranquiçado.
Como se procede a amamentação?
O contacto da boca do bebé com o mamilo vai despoletar a libertação de uma hormona, a oxitocina que, por sua vez, vai estimular a contração dos alvéolos mamários com consequente libertação de leite para os ductos. Quanto mais frequente for esta estimulação, mais leite é libertado e, assim, mais leite é produzido.
É importante ter em atenção que o bebé requer mamadas frequentes, já que o leite materno demora cerca de 2 horas a ser digerido pelo bebé. À medida que vai crescendo, as necessidades aumentam também, de modo a acompanhar cada pico de crescimento. Inicialmente, poderá haver maior sucção por parte do bebé, por ainda não existir uma boa adaptação à lactação e porque o mamar lhe traz conforto e segurança.
Esta sucção poderá ainda trazer algum desconforto a nível mamilar à mãe, mas é importante salientar que esta fase é transitória. À medida que o bebé vai crescendo, a lactação vai se tornando mais eficiente, e com menor intensidade de sucção, provocando uma menor irritação mamilar para a mãe. O contacto pele com pele e carinhos frequentes durante a lactação poderão contribuir também para um processo de adaptação mais rápido e eficaz.
Como saber se o bebé está a obter leite suficiente?
Não é possível saber com exatidão a quantidade de leite que está a ser produzida, dado que a utilização de um extrator de leite não equivale ao ato de amamentar, a quantidade nunca será a mesma. O único modo de ter uma noção da produção observar o comportamento do bebé e procurar alguns sinais, como por exemplo, se o bebe está a ter um ganho de peso adequado para a idade e se suja a fralda frequentemente.
- Cerca de 6 fraldas molhadas a cada 24 horas, incluindo fraldas sujas
- Sucção vigorosa
- Acorda espontaneamente d enoite com fome
- Fezes de cor amarelada
- Sono regular após a mamada
- Ganho de peso de cerca de 150g por semana nos 3 primeiros meses.
- Recupera o peso ao nascimento em duas semanas: geralmente ocorre uma perda de peso de cerca de 7% tipicamente na primeira semana após o nascimento. Esta alteração é completamente normal, mas o peso de ver rapidamente recuperado.
Do mesmo modo, também o organismo da mãe pode dar alguns sinais acerca de uma produção eficaz de leite:
- Mama com o passar do tempo fica progressivamente menos sensível e dolorosa, pois as reservas de leite vão adaptar-se às necessidades do bebé.
- Não há libertação espontânea de leite entre mamadas.
- A libertação de leite não provoca desconforto ou dor aquando da amamentação
Atraso na lactação
Estamos perante um atraso na lactação quando não há produção de leite nas primeiras 72 horas após o parto. É comum que as mães pela primeira vez tenham um atraso de cerca de um dia na libertação de leite em relação a mães com história de gravidez prévia. No entanto, existem algumas patologias ou condições medicas que poderão predispor este atraso na produção:
- Obesidade materna, associada a menor concentração de prolactina (hormona essencial à produção de leite) e a um menor desenvolvimento mamário
- Doenças hormonais como a diabetes, Síndrome do ovário policístico, hipotiroidismo, hipertiroidismo.
- Parto vaginal traumático
- Parto por cesariana (embora não se conhece as razões específicas, é conhecido um atraso em relação ao parto vaginal)
- Frase ativa (puxar) do parto mais prolongada
- Perdas sanguíneas durante ou após o parto
- Retenção da placenta
- Parto pré termo
- Hipoplasia do tecido glandular (subdesenvolvimento da mama)
- Cirurgia ou lesão mamária previa
- Alterações da anatomia do mamilo (mamilo invertido)
E se não há produção de leite materno ao 4º dia?
Inicialmente, a mama estará altamente sensível a diferentes estímulos, nomeadamente sons (choro do bebé) e cheiros, sendo que a libertação de leite é rapidamente desencadeada. No entanto, existem mães que poderão demorar um pouco mais a produzir o leite materno, mesmo nas primeiras semanas após o parto.
Geralmente este atraso deve-se a mal adaptação ao processo de lactação, mas será importante que a mãe recorra a consulta médica especializada, principalmente se o bebé apresentar sinais de subnutrição (de entre os quais perda de peso superior a 7%), de modo a averiguar se poderá estar presente alguma patologia hormonal subjacente ou se existe ainda retenção de fragmentos placentários. Do mesmo modo, se for libertado pelo mamilo algum líquido como sangue ou pus para além do leite, é necessário recorrer a ajuda médica.